“No final de 1992, Cesar Atáide, que hoje está com Deus, ele queria fazer um projeto onde envolvesse toda a massa do subúrbio. Então, começaram a pensar aonde fazer esse trabalho musical. Ele propôs primeiramente na Praça Patriarca. Não foi possivel. Depois, na marquise da Loja Caricia. Tambem não foi possivel. E, com a influência de um amigo dele (político), ele conseguiu a autorização do Viaduto de Madureira, na Praça das Mães, pra realizar o Projeto Charme na Rua... em 1993, no primeiro sábado de carnaval’! No dia 6 de março, quando estávam prontos para estrear, o sobrinho dele adoeceu e então transferiram pro dia 12, data oficial do nascimento do Charme na Rua no viaduto”, relembra com orgulho o “DJ Marki New Charm”, (para quem não sabe eu Charles Cdr dj, aprendir a tocar em cdj com ele, aula particular)na época, além de ser um dos fundadores do baile, dividia os toca-discos com os djs “Lopy, Michel, Cali e A”. “No início, foram apoiados pelo equipamento do DJ Marlboro, onde eles íam buscar em Raiz da Serra. “Tudo começou de uma brincadeira: todos éram camelôs em Madureira e montaram Shopping Rua, ou seja, tinha modelos das roupas dos playboys e dávam o jeito vendendo as cópias do artigo original bem abaixo do preço pro povão que não tinha condições de se vestir bem. Com aquele lucro, os amigos, tinham o laser que era no Vera Cruz (baile do DJ Corello no bairro de Abolição). Mas era a lei da selva: na profissão deles, quem chegava tarde perdia o melhor ponto, e como eles chegávam tarde do baile, eles eram prejudicados. Então, o Cesar Negão (que Deus o tenha!) falou para: ‘pô Jones, nós temos que fazer o nosso baile...’! Mas fazer aonde? A Gente é camelô! ‘Que nada, vamos fazer debaixo do Viaduto porque ali ninguém vai reclamar nada’! Foi uma idéia meio maluca; na época ele tinha um trailer, que a ex-mulher administrava, e como lá era aberto, eles resolveram cobrir os custos do baile com a cerveja que fosse vendida nele... E assim, os amigos e mais uma outra rapaziada fizeram o Chame na Rua, que hoje, Rio Charme atendendo outras gerações mais novas com o melhor da black music, conta “MF Jones”, um dos anfitriões do baile.
Com o falecimento de Cesar, “Celso Ataíde”, num ato de preservação a construção da identidade da cultura black local e em memória ao seu irmão, decide manter o projeto vivo sob as estruturas do viaduto...
O movimento hip-hop carioca estava no auge: por não concordarem com a violência crescente nos bailes funk; encontrarem uma certa similaridade através do extinto ritmo do “new jack swing” – muito divulgado nos bailes charme da época – e não possuírem dinheiro para freqüentar os bailes black todos os fins de semana, optaram por freqüentar o baile do Charme na Rua, que, gradativamente percebeu a sua presença. “O Cesar achou a necessidade de se colocar muito mais hip-hop no baile... Aí, tinha que ter um dj de hip-hop. E numa festa, no Morro do Alemão, conheceram DJ A! Ele foi o segundo dj do Viaduto de Madureira”!, declara o DJ Marki, que na época era um dos poucos djs de r&b sensíveis à importância do hip-hop carioca. “Pra mim é um prazer muito grande. Há 15 anos atrás, eu era o que abria o baile e hoje, eu sou um dos principais... Aqui é a minha casa, independente de outros bailes que eu já tenha feito. Aqui sempre foi o meu quartel e o tempo de existência do Viaduto, é o Tempo do DJ A como artista! Fazer parte dessa história me orgulha muito”, ressalta “DJ A”, considerado uma das figuras centrais do baile juntamente com os djs “Michel, Lopy e Black Jay”.
Variando positivamente sobre o mesmo tema...
Entendendo a importância do baile do viaduto como um veículo de concentração popular, responsável pela difusão da cultura negra no Estado do Rio de Janeiro, o Governo do Estado, decide reconhecê-lo, junto a organização remanescente do espaço, como um instrumento essencial à cultura do bairro, assim como as escolas de samba e o jongo: deste modo, em 1995, o “Projeto Charme na Rua” é rebatizado de “Projeto Rio Charme”, e tem suas dependências reformadas visando o controle e a segurança do público, apresentando inclusive um preço simbólico para sua preservação...
O berço da boemia declara o seu amor pela temporã do bairro do jongo e do samba...
A mais de 15 anos de vida, o “Projeto Rio Charme”, dá seu primeiro passo para maturidade, e como mesmo citou Jones, “Tudo começou de uma brincadeira (...)”.
Portanto, se você ainda não teve a oportunidade de usufruir do espaço considerado a Meca da black music carioca, esta é uma excelente ocasião para entender porque à cada dia um número considerável de gregos, troianos, romanos e africanos lotam o baile black mais badalado do Rio..
Projeto Rio Charme- Todos os sábados, à partir das 22h
Viaduto Negrão de Lima (Madureira)
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Um comentário:
Você ainda faz sets de Fink ?
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