quinta-feira, 30 de abril de 2009

História do famoso baile viaduto de Madureira(Rio de Janeiro)

Dia 11 de Maio de 1990. Um grupo de amigos, verdadeiros entusiastas do samba, conhecidos como “Leno, Pedro, Edinho e Xandoca”, se organizam e fundam o bloco carnavalesco “Pagodão de Madureira”, tendo como local de suas manifestações a parte inferior do “Viaduto Negrão de Lima”... Na semana seguinte o grupo é visitado pelo empresário local do entretenimento black (hoje falecido), “Cesar Ataíde”. A história da black music em Madureira começa aqui...

“No final de 1992, Cesar Atáide, que hoje está com Deus, ele queria fazer um projeto onde envolvesse toda a massa do subúrbio. Então, começaram a pensar aonde fazer esse trabalho musical. Ele propôs primeiramente na Praça Patriarca. Não foi possivel. Depois, na marquise da Loja Caricia. Tambem não foi possivel. E, com a influência de um amigo dele (político), ele conseguiu a autorização do Viaduto de Madureira, na Praça das Mães, pra realizar o Projeto Charme na Rua... em 1993, no primeiro sábado de carnaval’! No dia 6 de março, quando estávam prontos para estrear, o sobrinho dele adoeceu e então transferiram pro dia 12, data oficial do nascimento do Charme na Rua no viaduto”, relembra com orgulho o “DJ Marki New Charm”, (para quem não sabe eu Charles Cdr dj, aprendir a tocar em cdj com ele, aula particular)na época, além de ser um dos fundadores do baile, dividia os toca-discos com os djs “Lopy, Michel, Cali e A”. “No início, foram apoiados pelo equipamento do DJ Marlboro, onde eles íam buscar em Raiz da Serra. “Tudo começou de uma brincadeira: todos éram camelôs em Madureira e montaram Shopping Rua, ou seja, tinha modelos das roupas dos playboys e dávam o jeito vendendo as cópias do artigo original bem abaixo do preço pro povão que não tinha condições de se vestir bem. Com aquele lucro, os amigos, tinham o laser que era no Vera Cruz (baile do DJ Corello no bairro de Abolição). Mas era a lei da selva: na profissão deles, quem chegava tarde perdia o melhor ponto, e como eles chegávam tarde do baile, eles eram prejudicados. Então, o Cesar Negão (que Deus o tenha!) falou para: ‘pô Jones, nós temos que fazer o nosso baile...’! Mas fazer aonde? A Gente é camelô! ‘Que nada, vamos fazer debaixo do Viaduto porque ali ninguém vai reclamar nada’! Foi uma idéia meio maluca; na época ele tinha um trailer, que a ex-mulher administrava, e como lá era aberto, eles resolveram cobrir os custos do baile com a cerveja que fosse vendida nele... E assim, os amigos e mais uma outra rapaziada fizeram o Chame na Rua, que hoje, Rio Charme atendendo outras gerações mais novas com o melhor da black music, conta “MF Jones”, um dos anfitriões do baile.


Com o falecimento de Cesar, “Celso Ataíde”, num ato de preservação a construção da identidade da cultura black local e em memória ao seu irmão, decide manter o projeto vivo sob as estruturas do viaduto...
O movimento hip-hop carioca estava no auge: por não concordarem com a violência crescente nos bailes funk; encontrarem uma certa similaridade através do extinto ritmo do “new jack swing” – muito divulgado nos bailes charme da época – e não possuírem dinheiro para freqüentar os bailes black todos os fins de semana, optaram por freqüentar o baile do Charme na Rua, que, gradativamente percebeu a sua presença. “O Cesar achou a necessidade de se colocar muito mais hip-hop no baile... Aí, tinha que ter um dj de hip-hop. E numa festa, no Morro do Alemão, conheceram DJ A! Ele foi o segundo dj do Viaduto de Madureira”!, declara o DJ Marki, que na época era um dos poucos djs de r&b sensíveis à importância do hip-hop carioca. “Pra mim é um prazer muito grande. Há 15 anos atrás, eu era o que abria o baile e hoje, eu sou um dos principais... Aqui é a minha casa, independente de outros bailes que eu já tenha feito. Aqui sempre foi o meu quartel e o tempo de existência do Viaduto, é o Tempo do DJ A como artista! Fazer parte dessa história me orgulha muito”, ressalta “DJ A”, considerado uma das figuras centrais do baile juntamente com os djs “Michel, Lopy e Black Jay”.
Variando positivamente sobre o mesmo tema...

Entendendo a importância do baile do viaduto como um veículo de concentração popular, responsável pela difusão da cultura negra no Estado do Rio de Janeiro, o Governo do Estado, decide reconhecê-lo, junto a organização remanescente do espaço, como um instrumento essencial à cultura do bairro, assim como as escolas de samba e o jongo: deste modo, em 1995, o “Projeto Charme na Rua” é rebatizado de “Projeto Rio Charme”, e tem suas dependências reformadas visando o controle e a segurança do público, apresentando inclusive um preço simbólico para sua preservação...

O berço da boemia declara o seu amor pela temporã do bairro do jongo e do samba...

A mais de 15 anos de vida, o “Projeto Rio Charme”, dá seu primeiro passo para maturidade, e como mesmo citou Jones, “Tudo começou de uma brincadeira (...)”.


Portanto, se você ainda não teve a oportunidade de usufruir do espaço considerado a Meca da black music carioca, esta é uma excelente ocasião para entender porque à cada dia um número considerável de gregos, troianos, romanos e africanos lotam o baile black mais badalado do Rio..

Projeto Rio Charme- Todos os sábados, à partir das 22h
Viaduto Negrão de Lima (Madureira)

Mais sobre o Dutão

Acesse

http://www.viadutodemadureira.com/

Um comentário:

Unknown disse...

Você ainda faz sets de Fink ?